terça-feira, 4 de dezembro de 2012


Intermitência 


Cogitando escrever em si mesmo
Palavras de outras pessoas
Por sua caneta ter ficado sem voz
Ideias perdidas, não lapidadas
Por um escritor preso no ilusório
Escrevendo sobre a realidade
Onde estão as letras?
O conteúdo?
Onde estão as cores,
as músicas e as estrofes?
Onde estão as vozes?
Onde eu estou?
O que sou, se não o que escrevo?
O que vivo, se não o que sinto?
E se vivo, por que não escrevo?
É como estar preso em si mesmo
Se alimentando da própria carne
E disparar pelo nada
Como um animal assustado
Por ter se visto no espelho
Observando somente as ideias rasas
Não sabendo nem ser sincero
O acúmulo de energia desaproveitada
Somado a tudo o que desperdicei
Resulta nas nonilhões estrofes perdidas
Nos poemas que acabei começando
Mas com o clima mudando
Eu não os terminei.


- Sérgio Schiapim


"Fim da ausência."

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quarta-feira, 3 de outubro de 2012


Respiração


Respiro, a aflição de cada palavra
Quando toca a folha, errando as linhas...
Prisioneira de um escritor ruim.
Sou um respeitador da forma escrita
Transformando a letra que está descontente
Numa frase impactante.

Sou a saudade de uma inspiração
Mesclando a incerteza de encontra-la
Lembrar de um anjo avistando seu amigo
Perguntando: Porque foi que descestes?
O imenso sorriso de um sol poente
Quando está para contornar o seu abrigo.

Ouço as sirenes de emergência
Por não escutar mais a batida
Repouso meus ouvidos numa folha
Não sentindo a frequência cardíaca
Que antes era peculiar
Em cada verso, em cada estrofe e em cada vírgula.

Descontente, o sol nascente se apresenta
Sem eu ter escrito algo novo
De mais um dia improdutivo fui vítima
Mas as sensações quotidianas me lembram
A beleza das coisas todas
Quando o estar vivo é bem mais que respirar.


- Sérgio Schiapim







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sábado, 22 de setembro de 2012



Colecionador


Aqui jaz o trôpego pensamento
Vítima de sua própria ineficácia
Preso na sua falta de audácia
Perdido no seu próprio esquecimento

Os dias o transformarão em pó
A luz finalmente se apagará
Seu precioso tempo não mais gastará
Ninguém irá desatar os seus nós

Sua ideia respirando com dificuldade
Será vítima da mesma realidade:
'O fim imaterial das matérias'

Sua mente respirando com aparelhos
Não irá se arrumar diante dos espelhos
Se tornará inúmeras bactérias.


- Sérgio Schiapim

"Feito em poucos minutos, ainda sobre o mesmo tema do poema anterior..."




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domingo, 26 de agosto de 2012



Esquecido


Vazio, vítima de uma morte interna
O núcleo central de cada célula em curto
As ideias desfilam vestidas de luto
Em círculos, sobre essa visão externa

Controlado pelo contorno das letras
Trôpego, reduzindo sua velocidade
Sentir a perda de sua habitual capacidade
Com o deslizar lento da caneta

Cansado...
                 Lento...
                             Volto...
                                         e tento.
Entre tantas curvas, reconhecer
Explorando as ideias onde me escondi

                                                      Procuro...
                                    Contorno...
                       Apago...
E experimento.
Contornando os degraus que acabo de descer
Perguntando: Onde foi que me perdi?!


- Sérgio Schiapim



'- Eu tive que me sentir um finado pra entender que o pior óbito é mental. - Pachá"




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quarta-feira, 15 de agosto de 2012



Teor Alcoólico 


Seu sorriso é um convite, desfocando a minha visão
"Azz veizz... meche com a concentração."
Ele se abre, libertado sem causa.
Brilha, deixando ainda mais lindo o seu rosto
E, enquanto ele permanece em seu posto,
Toda poesia em mim lhe concede uma pausa.

Todas as palavras voando sobre nós
Fechamos os olhos, ouvindo apenas a voz
De todas as poesias que marcaram nossas vidas
Seu espasmo carinhoso seria uma nota
Do arpejo natural que me conforta
Num caminho só de ida.

Mas você me obriga a prestar atenção
Em cada parte da nossa conversação
Pensa em algo, falando sobre outro tema
Mudando de assunto rapidamente
Bagunçando a minha mente
Mas eu sobrevivo a esse dilema.

Ignorando as crenças quotidianas
Me ensinou sobre as variáveis humanas
Não nos reduzindo a apenas metade
Não subtraindo um do que são dois
Quando a individualidade que deveras sois
Soma com outra individualidade.

Eu só posiciono as letras no papel amaçado
Que o tempo deixará amarelado
Todas as minhas ideias bagunçadas
A ansiedade em cada respiração
Você me dando inspiração
Deixando todas as letras agitadas

Linda, atrapalhada, esquecida e engraçada,
Completo toda frase inacabada
Sendo fácil encontrar poesia em você
A caneta apenas desliza
Como o tocar de uma brisa
Quando passo a escrever

Agregado ao peito, algumas palavras escritas
Que nem são tão bonitas
Comparadas ao tocar da luz do sol na sua face
Quando você o admira
Enquanto inspira e expira
É meu turno de admirar esse enlace

O ritmo das minhas letras me direciona
Quando a próxima estrofe se posiciona
Deixando mais próximo o fim
Obrigado por acordar querendo me ver
Aceite o que acabo de escrever
Levando um pouco de mim.


- Sérgio Schiapim


'- Uma frase foi tirada da música do Projota - Azz Veizz. Outras duas foram tiradas da música Castelo de Areia, do Onni"




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sexta-feira, 22 de junho de 2012



O Nascer


Mil novecentos e noventa...
A quietude do dia apresenta,
Após contrações simultâneas,
Outra estrela se apaga...
Ocupada será mais uma vaga
De todas as palavras subterrâneas!

Some, com os anos, a palidez.
Apresenta alguns sinais de lucidez,
Por realizar o que foi planejado.
O pessimismo infecta-o como um vírus,
Nota-se em contubérnio com os papirus
Tudo o que deveras foi vivenciado.

O despertar dos sentimentos subterrâneos,
Que o faz escrever para inúmeros crânios
Onde sua ideia foi plantada.
Infecta as letras com tremenda tristeza,
Fogem das vogais a constante beleza...
Onde a mágoa foi lapidada.

Foge do habitual por não viver essa parte.
Acumula as mágoas, transforma-as em arte,
Que aos desavisados horroriza.
Foge das cópias feitas ao carbono,
Das alegrias servidas por um mordomo
Com o sangue natural na camisa.

A sua figura em um espelho natural
Esconde um interior racional,
Não gastando saliva ao se expressar.
Calcula o peso dos escritos,
Escutando os ossos e seus atritos...
Enquanto a caneta passa a dançar.


Ignora sentimentos com invalidade
Perpendicularmente com a intensidade
De cada letra que ele faz nascer.
Despertando em você diversos sentimentos,
Assistidos na soma de todos os momentos,
Que sua poesia faz crescer.


Cada humano que nasce, sente...
Chora, ri, perde e vence...
Sem perder a sua individualidade,
Se orgulhando de todos os seus feitos.
Mas eu, procuro no âmago de todos os defeitos
Todas as mais belas qualidades!




- Sérgio Schiapim









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segunda-feira, 18 de junho de 2012




Desconfiança Ininterrupta


Apago as cores naturais de seu rosto,
Cancelo seu ritmo cardíaco,
Cito algo verídico,
Adicionando uma pitada de desgosto!


Apago algumas frases,
Assopro meu papel amarelado...
Transformo todos os enlaces
Em um único dízimo agregado.


Viajando entre as verdades absolutas,
Esquecendo que tudo é mutável.
Desconfiança ininterrupta e seu corte...

Perpetuamente escravo das lutas,
Ignorando tudo o que é questionável...
Meus sonhos sofreram essa morte!


- Sérgio Schiapim








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domingo, 10 de junho de 2012



Febril


Sentir o ar em seu rosto frio.
Gotas de suor liquidificando o chão.
A soma dos passos ampliam a transpiração.
Mãos frias, espirito frio,
Seus pulmões cheios, seu coração vazio,
Perfeito e completamente febril.

Todas observações fracas, pensamentos vagos...
Andar sobre todas as calamidades,
Se ferir em todas as extremidades,
Com meu calor interno fazendo estragos.

Todas ilusões criadas em minha mente.
Todos os falsos continuando contentes
E todos sinceros no seu perpétuo sofrer...
Minhas letras são motivadas e persistentes.

Morrendo todos os dias no intuito comum.
Buscar mil objetivos sem desistir de nenhum...
Explicando o inexplicável.
Nos quarenta graus em contubérnio
Congregando os pulmões aos escarros
Ajustando o inajustável!

Cálculos que me fazem temer a queda.
Resistência equivalente que me faz cambalear.
Internamente quente,
Inversamente frio...
Mas ignoro todos os sintomas
Quando minhas vogais estão bem.

Somos o que precisamos!
Andamos ao encontro do que sempre sonhamos!
O calor é apenas um detalhe...
Pois, cada dia trás seu seu próprio envelhecimento.
Para adiar os escritos finais...
Continuaremos quentes!


- Sérgio Schiapim

"-Escrito em um tempo difícil pra mim, quando minhas mãos úmidas borravam o papel.
Estou melhor."






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sábado, 21 de abril de 2012


Falso Poema



Humanos que enterram sua moral
Mas pergunto: - Que moral, afinal?
Se todos estão sujos por fora
Escuros em seu interior
Semeando ódio e rancor
E sorrindo ao ir embora?

Julgam, ofendem... Se sentindo superiores
Multiplicando todos os odores
Perpetuamente 'certos'
Os segundos insistem em estalar
Sua ira tende a continuar
E o destino sempre os mantêm perto!

Ao andares, não se escutam passos
Deslisam dentro da rodovia
Da sua mentira fria
Falsos... Falsos... Falsos!

Me agarrando em meus poemas imersos
Lendo todos os papéis amarelados
Analisando com os olhos arregalados
Todos os meus falsos versos!

Levanto, tiro o pó de meu dicionário...
O encaro, lembrando de todo meu vocabulário.
E nele, todas as palavras são sinceras...
Saindo dessa vida, simplório e puro,
Não se perde do caminho escuro,
Não se confunde com a luz das eras!

Agacho, recolho minhas palavras do resto.
Num mundo de dúvidas, tento ser honesto...
Onde quem ama mente,
Com o pretérito vago e pouco confiável,
Seu exterior lutando pra se manter estável...
Mas com seu interior podre e doente!

Bom, então sente... Vou abrir um bom vinho.
Brindaremos a queda dos lares,
Toda a depressão criada,
E todos os vagos contos...
Enquanto você mente pra mim...
E eu minto pra você.



- Sérgio Schiapim



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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012



Dependência



Eu, ser de muitas palavras e gestos,
Sorriso fácil antônimo aos restos.
Pessoa que acredita nas pessoas,
Humano com fé nos outros atos...
Mesmo com a história pra distorcer estes fatos...
Respiro e transpiro a confiança em coisas tolas!

Sou o atrito repentino da língua
Ao tocar o céu da boca.
Sou o inapropriado dentro do inacabado,
Entre o arpejo errado das notas soltas...
Palavras mortas residindo na vida,
Vida morta por não conter palavras...

O que sou, se não o calor residente
No estalo febril dos dentes
Com a dor dos olhos em suas órbitas?
Se não o ódio perpendicular,
A ação de atrair e repulsar
Com dores, deixando as letras inaptas?

De que adianta escrever todos os sentimentos
Dos complexos amores de um mundo odiento
Sem você para ler?
Concluo, deixando o grafite em seu divã
De linhas cheias desta folha anciã,
Sou dependente do escrever!


(S. L. Schiapim)


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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012



Garoa


As palavras caem sobre mim
Como a garoa de um dia frio
Dormem sobre o livro aberto da vida
As curtas palavras, porém sofridas
Nascem das gotas e tornam-se rios
Que me leva em sua correnteza sem fim...

Levando tudo o que deveras sou
O fígado, os rins e os pulmões
As artérias, a pele e as emoções...
Feridas existentes em um cérebro cansado
Alternando-me para um outro estado
Cambaleando por onde eu  vou

Me torno parte integrante da obra
Sou o principal, não o que sobra
Moldo meus pensamentos no que acho certo
Todas as palavras entrando em minha mente
Após meses, sinto-me renovado!
Disposto a parar o que fui, tornando-me melhor!

Minhas palavras, meu remédio
Um 'ex-papel-branco' que vira poesia
Uma 'ex-vida-depressiva' que se torna alegria
Com todas as suas rimas feitas...
Denominem-me como quiserem.


(S. L. Schiapim)

"Tive que parar de escrever por um tempo, estava tudo muito repetitivo... Nessa pausa fiz questão de ler outras coisas, gostar de outras coisas... Enfim, me renovei.
Espero que a leitura de outros temas agradem a vossa leitura..."








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